POR DO SOL

POR DO SOL
Pontal do Atalaia

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Escolhas

Certa vez, lá pro final de 2005 o Dr Edson Bueno, reuniu alguns jovens talentos escolhidos do grupo Amil (Eu estava lá) para mostrar seu na época novo planejamento estratégico para o Grupo. Apresentou um video motivacional que gostei tanto que resolvi transcreve-lo e nos deu uma camisa preta, LINDA, escrito: " O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE". Nos deu também um DVD com um pouco da história desta excelente empresa junto com o video motivacional. Gosto sempre de ve-lo, por isso resolvi transcreve-lo! Se deliciem com estas palavras abaixo:


Motivação!

É... a vida é feita de escolhas. Escolhas boas, escolhas ruins, cada pessoa tem o poder de decidir qual o caminho seguir, mesmo se erramos na grande maioria das vezes podemos recomeçar tudo de novo. A única coisa que não pode ser mudada é o passado. As vezes parece que esquecemos que é no futuro que vamos viver o resto de nossas vidas, as dificuldades quase sempre nos fortalece por isso é preciso persistir desistir dos nossos sonhos, NUNCA!
Atitude...
Essa é muito mais que uma simples palavra.
É aprender, compartilhar, agradecer...
Pessimismo, Jamais! inveja, ódio e rancor somente consomem nossa existência.
Às vezes temos um dia ruim, mas sempre haverá um novo amanhã.
Às vezes somos derrotados, mas não podemos desanimar, pois isso faz parte de vida.
Precisamos encontrar aliados...
Precisamos dividir nossos sonhos...
Precisamos motivar e inspirar todos a nossa volta...
Saiba perceber como uma simples palavra tem um poder infinito de motivar as pessoas, um obrigado, um vai em frente, um parabéns, uau você foi brilhante, um talvez é melhor do que um jamais. Valorize as pessoas a sua volta, cerque-se só de gente positivas, é fácil perceber que a força de muitos é melhor que o isolamento e o individualismo.CONQUISTE ALIADOS PELO CORAÇÃO!
Ninguém pode ser feliz sozinho. As novas idéias estão soltas no ar, aprenda a pega-las. Sempre vale a pena tentar, sempre vale ousar, sempre vale a pena ser melhor.
Esteja no controle da sua vida, transforme possibilidade em realidade. Faça sua própria sorte!! Amplie seus horizontes!! E quando estiver lá no topo, lembre-se do significado da palavra HUMILDADE.
Esteja em sintonia com as coisas que podem facilitar sua vida.
Aprenda a reaprender todos os dias.
Experimente coisas novas, seja ousado, seja organizado, seja exigente até, desde que isso não esteja ferindo as pessoas, claro!
Jamais abandone seus valores nem suas crenças, se o fizer, pode estar certo que em algum momento de sua vida você vai se arrepender.
Aprenda a cultivar a paixão e o entusiasmo dentro de você.
Entenda que a felicidade não é algo que se conquista. Felicidade é algo que se planta, que se cuida, que se colhe e que principalmente se reparte todos os dias de nossa vida.
Que juntos possamos construir nossa felicidade!!!

Fonte: Palestra Motivacional do Grupo Amil - 2005

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Não estamos sozinho, basta ter fé...

"Mas se Deus mudou a minha vida
também vai mudar a tua história
Deus não deu seu único filho
pra morrer por nós em vão outrora
Derramou seu sangue carmesim
por você e também por mim
Você não nasceu para sofrer
Hoje Deus vai te fazer feliz
Vai te arrancar do fundo do poço
te reerguer, te fazer um vaso novo
vai mostrar pra todos teus inimigos
que ele sempre esteve contigo
e eles irão olhar e vão dizer
como é que isso pode acontecer
ele estava caído, derrotado
Hoje esta de pé, fortificado
E você vai cantar do outro lado
o hino da vitória
Só o Senhor é Deus
Só Deus é o Senhor
Se ele te prometeu
se considere muito mais que vencedor
Você é um vencedor"

Trecho do Maravilhoso Louvor: Sei é bem assim...

Uma profecia em minha vida

"Vão dizer que você nasceu pra vencer
Que já sabiam porque você
Tinha mesmo cara de vencedor,
E que se Deus quer agir ninguém pode impedir
Então você verá cumprir cada palavra
Que o Senhor falou,

Quem te viu passar na prova e não te ajudou,
Quando ver você na benção vão se arrepender,
Vai estar entre a platéia e você no palco,
Vai olhar e ver Jesus brilhando em você,
Quem sabe no teu pensamento você vai dizer,
Meu Deus como vale a pena a gente ser fiel,
Na verdade a minha prova tinha um gosto amargo,
Mas minha vitória hoje tem sabor de mel"

Trecho do maravilhoso louvor Sabor de Mel

http://www.muitamusica.com.br/1911-damares/89139-sabor-de-mel/letra/

sábado, 27 de fevereiro de 2010

LEMBRETE!

"Lembra-te que és pó. E ao pó retornarás"

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ninguém é insubstituível, será?

Achei ótimo este email que recebi (do meu grande amigo João Gabriel Spinola) e vem concordando sobre o que escrevi anteriormente (Avaliação de Desempenho no Mundo Corporativo ) no marcador Profissional. Boa leitura...


Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível".

A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:

- Alguma pergunta?

- Tenho sim. E Beethoven?

- Como? - o encara o gestor confuso.

- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?

Silêncio. Ouvi essa história esses dias contados por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.

Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar e, portanto, são sim insubstituíveis.

Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'gaps'. Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico... O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.

Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto. Se seu gerente/coordenador, ainda está focado em “melhorar as fraquezas” de sua equipe. Corre o risco de ser aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo e na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.

Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'; ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim:

- Estamos todos muito tristes com a 'partida' de nosso irmão Zacarias e hoje, para substituí-lo, chamamos... Ninguém, pois nosso Zaca é insubstituível.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Instantes

Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida,

na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo ainda do que tenho sido.

Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico, correria mais riscos, viajaria mais.

Contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas,

nadaria mais rios.

Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha,

teria mais problemas reais e menos imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente

cada minuto da sua vida: claro que tive momentos de alegria.

Mas se pudesse voltar a viver,

trataria de ter somente bons momentos.

Eu era um desses que nunca ia à parte alguma sem um termômetro,

uma bolsa de água quente e um pára-quedas:

se eu voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver,

começaria a andar descalço no começo da primavera

e continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres

e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

Jorge Luiz Borges

O CONVITE

O CONVITE

Não me interessa o que você faz para viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.

Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria a aparentar que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa quais os planetas que estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas.

Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano.

Não me interessa se a história que você está contando é verdadeira. Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro com você mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser leal, e portanto, confiável.

Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não seja bonito todos os dias, e se você pode buscar a fonte de sua vida da presença de Deus. Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à lua cheia prateada: "Sim!

Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos e fazer o que tem que ser feito para as crianças.

Não me interessa quem você é, como chegou até aqui. Quero saber se você vai se postar no meio do fogo comigo e não vai se encolher.

Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou. Quero saber o que o segura por dentro quando tudo o mais fracassa. Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo e se você verdadeiramente gosta da companhia que consegue nos momentos vazios .

Oriah Mountain Dreamer

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas

Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida; aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos

Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influências sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que podem ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que ou você controla seus atos, ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a, pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha; aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."


William Shakespeare

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Entrevista com Deus

Vi esta carta no livro do Willian Douglas (Como passar em provas e concursos, 14 ed. na pag 653). Ela mexeu comigo, pois me fez refletir sobre certos sonhos e me questionei, será que VALE A PENA? principalemte na parte que ele diz:

"Que desperdicem a saúde para fazer dinheiro e aí percam dinheiro para restaurar a saúde."

Vejam!!! achei que podemos refletir sobre...


ENTREVISTA COM DEUS

Sonhei que tinha marcado uma entrevista com DEUS.
- "Entre!", falou DEUS: "Então, você gostaria de Me entrevistar?".
- "Se Você tiver um tempinho", disse eu. DEUS sorriu e falou:
- "Meu tempo é eterno, suficiente para fazer todas as coisas. Que perguntas você tem em mente?"
- "Quais as coisas que mais O surpreendem na humanidade?", perguntei.
E DEUS respondeu:
-"Que se aborreçam de ser crianças e queiram logo crescer e aí, desejem ser crianças outra vez.
Que desperdicem a saúde para fazer dinheiro e aí percam dinheiro para restaurar a saúde.
Que pensem ansiosamente sobre o futuro, esqueçam o presente e, dessa forma não vivam nem o presente, nem o futuro.
Que vivam como se nunca fossem morrer e que morram como se nunca tivessem vivido".

Em seguida, a mão de DEUS segurou a minha e por um instante ficamos silenciosos; então eu perguntei:
-"Como PAI, quais as lições de vida que VOCÊ quer que SEUS filhos
aprendam?"

Com um sorriso, DEUS respondeu:

-"Que aprendam que não podem fazer com que ninguém os ame. O que podem fazer é que se deixem amar.
Que aprendam que o mais valioso não é o que têm na vida, mas quem têm na vida.
Que aprendam que não é bom se compararem uns com os outros. Todos serão julgados individualmente sobre seus próprios méritos, não como um grupo na base da comparação!
Que aprendam que uma pessoa rica não é a que tem mais, mas a que precisa
menos. Que aprendam que só é preciso alguns segundos para abrir profundas feridas nas pessoas amadas e que é necessário muitos anos para curá-las.
Que aprendam a perdoar, praticando o perdão.
Que aprendam que há pessoas que os amam muito, mas que simplesmente não sabem como expressar ou demonstrar seus sentimentos.
Que aprendam que dinheiro pode comprar tudo, exceto felicidade.
Que aprendam que duas pessoas podem olhar para a mesma coisa e vê-la totalmente diferente.
Que aprendam que um amigo verdadeiro é alguém que sabe tudo sobre eles e gosta deles mesmo assim.
Que aprendam que não é suficiente que eles sejam perdoados, mas que se perdoem a si mesmos".

Por um tempo, permaneci sentado, desfrutando aquele momento.

Agradeci a ELE pelo SEU tempo e por todas as coisas que ELE tem feito por mim e pela minha família.

ELE respondeu:
- "Não tem de quê. Estou sempre aqui, 24 horas por dia. Tudo o que você tem a fazer é chamar por mim e EU, no meu tempo e modo, lhe responderei.
Autor Desconhecido

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Recortes de Mentes e Manias

Recortes interessantes do livro mentes e manias:

Cap 1

Interessante como o conhecimento humano se manifesta em todas as áreas de expressão, pois no início do século passado Freud — pai da Psicanálise — afirmou a mesma idéia com as seguintes palavras: ”Toda pessoa só é normal na média”.

Parece uma grande ”loucura”, no entanto Freud, Caetano e todas as pessoas do planeta temos algo em comum: nenhum de nós possui um cérebro perfeito. Entendendo-se como perfeito o cérebro que produza seus neurotransmissores — nossos ”combustíveis cerebrais” — em quantidades exatas ou iguais e faça com que cada parte exerça suas funções tão bem como as demais, obtendo assim um desempenho máximo em todas elas. Se olharmos bem ao redor, constataremos facilmente essa realidade. Quem não conhece alguém genial na criação de complexos programas de computador, ou mesmo projetos inovadores de engenharia, que, por outro lado, apresenta profunda dificuldade em seus relacionamentos sociais, principalmente afetivos e emocionais?

Podemos concluir que um cérebro perfeito é uma impossibilidade humana. Todos eles têm seus pontos fortes — talentos, dons ou aptidões — e seus pontos limitantes — inabilidades, inaptidões ou ”fraquezas” -, que, com o tempo e com empenho, aprendemos a administrar em nosso próprio benefício.

Outro aspecto — bem mais científico, apesar de menos visível que os exemplos anteriores — que reitera a imperfeição do cérebro humano é a sua idade. Isso mesmo. Para quem não sabe, nosso querido e poderoso cérebro não passa de um bebê na longa história da evolução das espécies. Ele completou 100 mil anos há pouco tempo.

”Velho”, ”velhíssimo”, ”dinossáurico”, ”pré-histórico”... Provavelmente seriam esses os adjetivos usados por um adolescente para definir nosso baby. Mas, se dermos alguns passos, entrarmos em uma locadora e pegarmos o filme O parque dos dinossauros, de Steven Spielberg — um DDA confesso -, veremos que Hollywood, além de lazer, é cultura e informação. Lá se conta um pouco da história dessa geração de répteis fantásticos que habitaram e dominaram nosso planeta por 160 milhões de anos. .

E agora, quem é velho? Nosso cérebro ainda é um bebê lindo e ”fofo” que começa a dar seus primeiros passos nessa tal de história evolucionária. Por isso temos de considerá-lo uma obra em andamento que com certeza será capaz de desenvolver novas funções adaptativas de caráter positivo, que nos tornarão mais eficientes em transcender dificuldades, limites ou mesmo impossibilidades atuais.

Um dos sistemas que nosso cérebro elaborou para tornar a vida de nossos ancestrais mais fácil foi um circuito que lhes tornasse possível a detecção de erros especialmente relacionados à sobrevivência e ao convívio social. No estudo da biologia evolutiva, observamos que nossa espécie criou um sistema que faz com que o indivíduo, ao cometer um erro, seja tomado por uma sensação de grande desconforto. No entanto, com isso o ser humano aprende comportamentos e esquemas cognitivos que lhe possibilitam prever possíveis erros. Isso, aliás, é muito importante do ponto de vista da convivência social. Quem já não cometeu uma gafe e sentiu um terrível desconforto? Sejamos honestos, todos já fomos vítimas de nosso circuito detector de erros.

CAP 5

Fatores genéticos

Antes de querer culpar seus ascendentes, lembre-se de que tudo tem um componente genético, inclusive as coisas boas! E, se você sair por aí culpando as gerações passadas, vai acabar chegando sabe aonde? Penso que em Deus. Então pare com isso, aceite as coisas e tente melhorar o presente.


Fatores psicológicos

Você já parou para pensar quem é você? Na realidade, nós somos nossa personalidade. Mas o que é nossa personalidade? Ela é resultado da interação daquilo que herdamos de nossos pais (nossa genética) com a totalidade de experiências que vamos adquirindo durante toda a vida. Ela reúne todos os comportamentos e sentimentos que desenvolvemos em respostas às circunstâncias da vida. Sua personalidade é seu modo próprio de reagir e interagir com o mundo.

Assim, fica claro que a carga genética é de fundamental importância para a constituição de nossa personalidade. Todavia, nossas vivências interpessoais também influenciam a pessoa que somos e que vamos nos tornando dia após dia. Dessa forma, o ambiente familiar, principalmente na infância, é muito propício a aprendizagens desfavoráveis ou desadaptativas. Pais com comportamento de medo e ansiedade têm grande probabilidade de ensinar aos filhos padrões semelhantes em função da exposição constante a esses padrões. Alguns pesquisadores acreditam ainda que o castigo excessivo por erros cometidos pode predispor pessoas a dúvidas obsessivas e rituais de checagem. Crescer observando os pais ou irmãos executando rituais provavelmente leva a seu aprendizado, em maior ou menor extensão. Entretanto, a maioria dos pesquisadores concorda que só desenvolverá TOC, de fato, o indivíduo que for geneticamente predisposto a apresentar esse transtorno.


CAP 6

O TOC SOB A LUZ DA PSICOLOGIA EVOLUTIVA

Uma das mais fascinantes ciências dedicadas a estudar e compreender o comportamento humano é filha da psicologia cognitiva1 e da biologia evolucionária2: a psicologia evolutiva (também chamada de psicologia evolucionária), que busca explicar comportamentos e funcionamentos mentais do ser humano sob a ótica da adaptação e da seleção natural. De acordo com a psicologia evolutiva, a seleção natural não explicaria somente adaptações fisiológicas e anatômicas fundamentais para a sobrevivência das espécies, mas também padrões de comportamento e, no caso do ser humano, de funcionamento mental.

Como um exemplo bastante simples e corriqueiro, podemos citar a conhecida ansiedade. O que é ansiedade? Uma sensação desagradável e angustiante, que pode variar de um mal-estar a um ataque de pânico? Sim, mas o que é realmente a ansiedade, por que todas as pessoas normais a têm — ainda que em diferentes graus —, qual é a função dela e seu valor para nossa sobrevivência, assim como de outras espécies? É esta a pergunta que nos

1. Definida como a mais poderosa teoria da mente já desenvolvida, a psicologia cognitiva transformou a psicologia, antes um conjunto vago de idéias pouco claras, em uma verdadeira ciência. A psicologia cognitiva parte de dois pressupostos básicos: de que as ações e comportamentos são causados por processos mentais e de que o cérebro humano é comparável a um computador (não no sentido que conhecemos, da máquina, e sim computador como um conjunto de operações para processar informações, capacidade de computação de estímulos e de dados do ambiente).

2. Ramo da biologia que explica o surgimento, evolução e modificação das espécies de base marcadamente darwiniana. No que tange ao ser humano, a biologia evolucionária entende a espécie humana como descendente de espécies de primatas que, em última instância, compartilha um mesmo ancestral comum com todos os seres vivos. É calcada nos conceitos de hereditariedade, mutação e seleção natural. interessa. Certamente a ansiedade é um dos mecanismos de adaptação ao ambiente mais eficazes e bem-sucedidos, pois é compartilhado por uma infinidade de espécies, basta lembrarmos do gato que se arrepia à ave que levanta vôo assim que algo não familiar é percebido por ela. A ansiedade vem acompanhada da emoção do medo, que, embora não seja enaltecida em uma sociedade em que as pessoas sonham ser fortes e poderosas, é uma das emoções mais imprescindíveis a nossa vida.

Um estudo bastante citado quando se quer demonstrar a importância da emoção do medo é o que foi empreendido pelos cientistas americanos Randolph Nesse e George Williams com determinada espécie de peixe. Os cientistas notaram que naquele grupo de peixes, todos da mesma espécie, podiam ser divisadas três tendências comportamentais em relação ao medo: um grupo de peixinhos mais corajosos e ousados, um segundo grupo de peixinhos mais cautelosos, porémcom grau de ansiedade normal, e um terceiro grupo de peixinhos francamente mais temerosos e ansiosos. Ao introduzirem uma carpa no hábitat dos peixinhos, um peixe maior e de hábitos predadores, os pesquisadores perceberam que os peixinhos corajosos reagiam encarando e vigiando o intruso, os tímidos reagiam se escondendo e os normais não faziam uma coisa nem outra, apenas se afastavam. Ao final de dois dias e meio, 40% dos peixinhos tímidos e 15% dos normais ainda sobreviviam. Dos ”corajosos” não sobrou nenhum para contar a história e passar seus genes adiante. Logo podemos entrever quais padrões de comportamento dessa espécie de peixe sobreviveriam em um hábitat compartilhado com vizinhos hostis.

Se quisermos transpor essa história para nossa própria espécie, imaginemos dois distantes antepassados nossos caminhando por uma selva, milhares de anos atrás. Eles podem estar fazendo uma ronda, pois alguns membros do grupo viram predadores. Enquanto caminham, percebem que as folhas de um arbusto próximo se movimentam suavemente. O menos ansioso dos dois pensará tratar-se de uma ação do vento, enquanto o mais ansioso imediatamente pensará na possibilidade de ser um predador escondido, ao que seu sistema nervoso responderá ativando as mudanças fisiológicas típicas da resposta de ansiedade: taquicardia, pupilas dilatadas, suor frio, entre outras. Essa resposta, também chamada de reação de luta e fuga, que explicaremos mais adiante, poderá fazer com que este indivíduo corra para proteger-se ou esconder-se.

Se tiver sido uma lufada de vento, tudo terá acabado bem e os dois voltarão para sua caverna. No entanto, se realmente havia um predador escondido ali, podemos bem imaginar qual dos dois sobreviveu para contar a história e, mais importante, viveu para passar seus genes adiante. Nesse caso, a característica da ansiedade foi fundamental para a sobrevivência desse indivíduo, característica esta que seus descendentes herdarão. E é dos sobreviventes de tempos imemoriais que a humanidade descende, que nós descendemos.

Talvez hoje essas características não sejam tão fundamentais para nosso dia-a-dia e muitas vezes nos causem transtornos e sofrimento, em especial para aquelas pessoas mais predispostas à ansiedade. Contudo, elas são imprescindíveis tanto para nossa manutenção física como para nossa convivência social. Em psiquiatria e psicologia, sabe-se muito bem que a ausência ou quase ausência de ansiedade está no cerne de graves desordens de personalidade, como a psicopatia (ou sociopatia), tornando essas pessoas perigosas para si mesmas e, principalmente, para os outros, uma vez que elas não sentem nenhum tipo de ansiedade ou angústia, na forma de arrependimento ou medo por seus atos praticados.

A função imediata da ansiedade é proteger-nos. Quando ficamos ansiosos, sofremos uma série de mudanças fisiológicas cuja finalidade é preparar-nos para uma situação de luta e fuga. Nosso coração passa a bater mais rapidamente, pois é necessário que o sangue seja bombeado com maior velocidade para os músculos. A respiração se torna mais rápida, para que possamos absorver maior quantidade de oxigênio e eliminar gás carbônico. Nossas pupilas se dilatam, para que nosso sentido da visão fique mais sensível. Sentimos nossas extremidades — pés e mãos — frias, já que todo o sangue se acumula nas partes centrais de nosso corpocom o fim primário de alimentar os grandes músculos e, secundariamente, evitar que percamos muito sangue caso soframos cortes e ferimentos nas extremidades, como é mais provável que aconteça. Frio também é nosso suor, para ajudar a equilibrar a temperatura do corpo e também torná-lo mais escorregadio, caso precisemos entrar em confronto corporal.

Do ponto de vista evolutivo, a reação de ansiedade é fantástica em sua complexidade e eficácia. E, assim como a ansiedade, várias outras características foram sendo desenvolvidas e selecionadas quando aumentavam a probabilidade de uma espécie adaptar-se a seu ambiente, sobreviver e multiplicar-se. Algumas dessas características podem ser tanto físicas, como desenvolvimento de membros, garras ou sentidos aguçados que auxiliem, na caça e na defesa, quanto comportamentais e psicológicas (no sentido de como o sistema nervoso processa as informações e responde a elas), como a preferência por certos tipos de alimento, a organização social e formas de comunicação entre membros da mesma espécie, que na humana atingiu um nível extremamente sofisticado e único: a linguagem.

Determinados comportamentos e medos típicos são tão universais e independentes da cultura que podemos concluir que já nascemos equipados com eles, como características que foram selecionadas por milhares de anos através da seleção natural e se fixaram como parte de nossa bagagem. Um deles é o medo do escuro. As pessoas podem até mentir, dizendo que não têm, ou podem tê-lo domado, enfrentando-o. Mas o fato é que todos sentimos esse medo. E, se alguém não o sentir, que não se vanglorie, pois é sinal de que há algo errado.

Nossos antepassados longínquos precisavam ter medo do escuro, pois não tê-lo podia significar a diferença entre morrer e viver em um mundo antigo em que ainda não domávamos o fogo, não havíamos evoluído à condição de Homo sapiens. Se pensarmos nos dois caçadores de novo e imaginarmos que um tinha medo de escuro e outro não, não precisamos refletir muito para perceber qual dos dois teria maior possibilidade de sobrevivência em um ambiente com predadores e perigos naturais.

Portanto, ainda hoje, quando nos levantamos para fazer xixi de madrugada, costumamos ir meio pé ante pé, às vezes olhando para os lados e sentindo um estranho desconforto, acompanhado da vontade de olhar para trás. Muitas pessoas até voltam do banheiro num passo mais ligeiro e acelerado e se jogam na cama. Muita gente chega mesmo a segurar a vontade de fazer xixi. Na infância esse medo é muito maior, pois a criança ainda não desenvolveu percepções necessárias para relativizar seu medo e diluí-lo em um contexto em que possa saber se está segura. Entretanto, mesmo entre os adultos esse medo persiste de modo bem suave, tornando-nos mais alertas e ansiosos quando falta luz, por exemplo. A ameaça de apagões em 2002 nos fez lembrarcom bastante clareza essa nossa condição evolutiva. Nunca se venderam tantas velas, lanternas, lamparinas, lampiões e geradores.

Hoje em dia não habitamos mais em florestas e campos nem temos predadores naturais (excetuando nós mesmos, mas isso é outra história). Porém o medo do escuro persiste e procuramos explicações para isso, atribuindo-o a outras circunstâncias, desde as implausíveis, como medo de ver fantasmas, até as infelizmente plausíveis (nos dias de hoje), como medo de ladrões, balas perdidas e até achadas, pois elas acham inocentes quase sempre.

Ultimamente, pesquisadores evolucionistas da área de psicologia e psiquiatria têm se debruçado sobre a questão dos transtornos da ansiedade (que incluem o TOC, o pânico e fobias, entre outros), vendo-os como desajustes de mecanismos naturais que, em seu funcionamento normal, possuem funções importantes e positivas. Dois psiquiatras britânicos, Riadh Abed e Karel de Pauw, engendraram uma interessante teoria que explica, sob a ótica evolucionista, a existência de pensamentos obsessivos e, por conseguinte, do TOC. O fato de a ocorrência de pensamentos obsessivos, em graus variados e por pelo menos determinado período da vida, ser universal e comum a todas as nacionalidades, culturas e classes sociais parece apoiar esse senso de que é uma característica da espécie humana, resultante de um mecanismo de adaptação que cumpre determinada função.

Para entendermos que função seria esta, precisamos rever rapidamente a função da ansiedade, que é nos proteger e nos colocar em condições de defesa ou de fuga diante de um perigo percebido, seja real, seja imaginário. Abed e Pauw chamam esta função da ansiedade de processo de redução de riscos (risk avoidance process) on-line. O on-line se refere ao imediatismo da situação. A ansiedade se apresenta como forma de evitação direta e imediata do risco. Haveria também um sistema off-line de redução de riscos, cuja função é gerar e prever possíveis cenários e situações potencialmente perigosos e, assim, evitá-los de antemão. Essa função mental ou cerebral seria o que os autores chamam de sistema involuntário de geração de cenários de risco, ou, no original, involuntary risk scenario generating system (IRSGS). Praticamente toda a humanidade possui essa função mental, e podemos percebê-la atuando quando olhamos atentamente antes de atravessar uma rua, entramos em um local desconhecido ou olhamos desconfiados para um alimento novo, por vezes cheirando-o ou tocando-o.

Essa também é uma função que foi e é vital para nossa sobrevivência e seria o que justamente vai mal nas pessoas que sofrem de TOC. Dizendo de outro modo, as pessoas com TOC sofrem por ter um IRSGS desregulado e superativado. Seus pensamentos obsessivos repetitivos seriam o resultado do descontrole dessa função mental, que causa em seu portador um comportamento intenso, contínuo e repetido de previsão e evitação de risco. Só de pensar que pode acontecer, o obsessivo já empreende rituais preventivos.

Abed e Pauw usam uma interessante metáfora para esse caso: o sistema imunológico. Nosso sistema imunológico, ao entrar em contatocom antígenos (substâncias e microorganismos estranhos ao nosso organismo que podem ser potencialmente perigosos), passa a gerar anticorpos específicos para combatê-los e prevenir a instalação de alguma doença. Similarmente, nosso sistema mental de geração e previsão de risco faz a mesma coisa, sendo que os antígenos seriam ambientes, circunstâncias e acontecimentos externos. Por outro lado, se nosso sistema imunológico está superativado e desregulado, ele passa a atacar o próprio organismo, causando as chamadas doenças auto-imunes. O TOC seria algo semelhante, em relação ao sistema de geração de riscos: uma doença auto-imune da mente, que aprisiona a pessoa numa falsa sensação de segurança e imunidade, mas infecta e entorpece toda a possibilidade de liberdade e felicidade, que trazem em sua mágica aceitar a vida do modo como ela é, incerta e insegura.


CAP 7

Tricotilomania e onicofagia

Lembram do Capitão Caverna? Coberto por aquela infinidade de pêlos desgrenhados e maltratados, com aspecto ”eletrizado”, certamente o Capitão Caverna não tinha tricotilomania, pois se tivesse enxergaríamos algumas falhas naquela ”maçaroca” toda.

A característica essencial da tricotilomania é o desejo ou impulso incontrolável de arrancar fios ou tufos de cabelo. Muitas vezes, esse comportamento pode se tornar tão automatizado que a pessoa age inadvertidamente, sem se aperceber dele. Pode se tornar tão grave a ponto de a pessoa ficar com extensas falhas no couro cabeludo ou até mesmo calva. Em geral quem sofre desse transtorno arranca fios do couro cabeludo, sobrancelhas ou cílios. Arrancar fios de outros locais, como barba e pêlos pubianos, são ocorrências bastante incomuns.

A atitude de arrancar fios em si já seria bastante estranha (e quem sofre de tricotilomania tem completa consciência da estranheza do próprio comportamento), mas, após arrancar os fios, muitas pessoas com esse transtorno ainda se engajam em comportamentos como alisar os fios, enrolando-os entre os dedos, passando-os por entre os lábios e brincando com eles de maneira geral. Mais raramente, algumas chegam a comer as raízes dos fios ou mesmo a engoli-los inteiros, o que pode até levar à necessidade de cirurgia para a retirada dos bolos de fios que se formam.

As pessoas que sofrem de tricotilomania relatam a sensação de impossibilidade de resistir ao impulso de arrancar os cabelos, precedido da sensação de ansiedade e tensão antes de começar a puxar os fios. Depois de arrancá-los, sentem alívio ou mesmo satisfação e se dedicam à manipulação dos fios.

Não se sabe ao certo o que causa a tricotilomania, mas certamente o fator biológico e hereditário é predominante, em razão de sua grande ocorrência em famílias em que um dos membros já teve TOC ou algum dos transtornos do espectro TOC.

Em geral a tricotilomania começa na infância ou na adolescência. Na prática clínica, temos notado que muitos adolescentes começam a puxar os cabelos assim que percebem que a qualidade e a cor dos fios mudaram em razão das alterações naturais da adolescência. Isso é mais comum entre as meninas, que dizem não se conformar que o cabelo tenha ficado mais grosso, mais ondulado ou mais escuro. Assim, algumas se esmeram em catar fios destoantes do resto do cabelo. Usam o tato para sentir a textura dos fios ou ficam observando no espelho até detectar fios não assentados, crespos oucom qualquer outra característica que fuja ao padrão por elas desejado.

O ato de puxar os fios costuma ser precedido de duas situações curiosamente opostas entre si: ou uma situação de aumento de estresse, que cause ansiedade e nervosismo, ou situações tranqüilas, de contemplação, em que a pessoa não tenha nada de imediato para fazer e fique pensando. Nestas últimas, com freqüência a pessoa começará a puxar fios distraidamente.

Esse problema ganha contornos dramáticos porque causa danos à auto-estima das pessoas e muitas vezes também à sua estética. É comum que deixem de sair de casa, passem a usar bonés e evitem ir à praia, piscina ou se dedicar a quaisquer outras atividades em que exponham as falhas do couro cabeludo.

O tratamento, prolongado e difícil, envolve a necessidade de ganhar maior controle sobre os próprios impulsos, o que sempre vem após bastante esforço e perseverança.

Outro transtorno muito semelhante é a onicofagia, ou seja, o ato de roer as unhas. A onicofagia também envolve morder e mastigar (e freqüentemente engolir) os cantos das unhas, onde se observam feridas, manchas de sangue ou mesmo as famosas ”casquinhas” (isso se a pessoa não as arrancar também e, fato mais incomum, mastigá-las). As características da onicofagia são praticamente iguais às da tricotilomania, ocorrendo nas mesmas situações e seguindo a mesma seqüência de impulso incontrolável, sensação de tensão e seu alívio.

O ato de mastigar ou engolir as lascas de unhas é mais raro, mas também é bastante prejudicial, pois eventualmente a cirurgia se fará necessária. E, no final das contas e pelo que observo, uma coisa é certa: a ”denticure” não é nem um pouco estética.